O bairro do Jauari I é o segundo mais antigo da cidade, famoso pelas suas ruas e comércios que movimentam a vida da população, tem esse nome devido ali existir um pequeno jauarizal (planta nativa) quando ainda estava com seus primeiros moradores. Não havia ruas propriamente ditas, existiam apenas “pequenos caminhos”, como disseram alguns moradores, pelos quais transitavam e uma ponte construída pelo americano James Stone que foi doada para a prefeitura em 1890.
À medida que o bairro foi crescendo as mudanças ocorreram modificando aquela antiga paisagem. Comércios foram surgindo e mais pessoas vindas de fora se instalaram por ali, aquela pequena estrada de terra cerrada pelo jauarizal tomou aos poucos forma de rua. Quem morava à beira do rio teve que deixar sua casa para dar lugar aos donos de comércios.
No ano passado, o bairro sofreu com a grande enchente, a população quase não pode sair de casa, somente através de pontes erguidas sobre as ruas que permitiam o movimento. Hoje, as ruas que ficaram alagadas por longos meses receberam recapeamento através das obras da região metropolitana. A aposentada Maria de Souza Picasso – moradora do bairro há aproximadamente 20 anos, tem sua casa localizada na Rua Manaus - foi uma das vítimas, teve a residência invadida pelas águas, perdeu alguns móveis e chegou a se machucar ao descer a escada de sua casa. Afirmou que somente quem tinha casa com segundo andar conseguiu resistir e permanecer na rua até que a água baixasse. A casa está em risco de cair por conseqüência da cheia, pois, as madeiras apodreceram. “Estou com medo, mas tomara que Deus nos proteja”, lamenta Maria de Souza que mesmo tendo passado por aquele momento triste não deixou de sorrir.
Rua do Comércio
Uma das ruas mais conhecidas do bairro é a Estrada Stone, nela há vários comércios, lojas de confecções, drogaria, relojoaria, sendo a mais movimentada dentre todas. Abriga a Ciex como comércio varejista da Belle Epóque e dos ramo da construção, a Casa Rolim, erguida pelo empresário Estácio Rolim – já falecido – iniciou com um pequeno estabelecimento de madeira e que no decorrer do tempo foi sendo modificada. “Falar da Estrada Stone é lembrar-se do Jauary”, disse Assis Filho, neto de Estácio Rolim. O empresário relembrou que existe também o Beco Stone, que tem o apelido sugestivo muito conhecido pela população itacoatiarense.
Nesta mesma rua – Estrada Stone – habita um de seus moradores mais antigos e populares, nascido em Urucurituba, mas que chegou aqui aos oito anos de idade, trata-se de José Froez Mendonça, 56, mais conhecido como “Carimbó”. Já foi pescador e há dez não exerce mais a profissão, porém, montou seu pequeno negócio que tem o nome de “Peixaria do Carimbó”, oferece a população o seu peixe assado e diz que é o melhor da cidade. “Eu vou morrer aqui, daqui não saio”, afirmou Carimbó todo orgulhoso do lugar onde mora, sua filha, Raimunda Mendonça, faz aniversário do dia 25 de abril, quando é comemorado o aniversário da cidade de Itacoatiara.
O bairro já teve um vereador que exerceu o cargo nos anos de 1997 a 2000, é o senhor Raimundo Batista Moraes, hoje aposentado. Criou muitos projetos para a cidade e comunidades interioranas, dedicou-se ao máximo em ajudar quem necessitava; e alguns de seus projetos foram o de fazer instalação de luz elétrica nas ruas onde não havia iluminação, cinco postos de saúde na cidade e no interior, que hoje servem a comunidade. Ainda declarou que as crianças necessitam de escolas mais adequadas, pois, estudam em bairros distantes; no bairro existem somente duas escolas. Conhecido como parlamentar do bairro e da zona rural, diz que sempre foi dedicado. “Deus me deu um espírito de esperança, paz e amor”, declarou Raimundo, morador do Jauari há mais de 55 anos.
Por Jônisson Rolim
E-mail: jon_memoriatua@hotmail.com
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